05/12/2016

dezembro 05, 2016
2

Ferreira Gullar partiu.

O poeta foi o objeto de estudo da minha monografia de graduação e também da minha dissertação de mestrado. Os meandros da sua poesia sempre me inspiraram a escrever sobre ela, pois muitos são os caminhos para falar de seus versos.

Eu escolhi a morte; não a morte tétrica, o lado negro, mas a sua parte filosófica, a poesia da morte na partida, na impossibilidade do retorno, do reencontrar o outro, o que partiu; a morte na dor da ausência ou no incômodo da presença fantasmagórica de alguma forma de herança.

Não querendo me deter a comparações fantasiosas das suas poesias de morte com a linguagem, eu quis a morte propriamente dita na sua dor, no sentimento que provoca, contudo, de um ponto de vista que não fosse o vulgar, mas o profundo, comentado pela filosofia, pela sociologia, pelos argumentos históricos e psicológicos,. E assim o fiz. Transformei a morte num tema filosófico.

Mas isso se deu por que a poesia de Gullar me permitiu isso, dada a sua grandeza, sua vastidão e cultura de mundio ali imersa. Fui alegre analisando a morte na sua poesia.

Parece antagônico, improvável? Não, a matéria da poesia lhe dá a possibilidade de vários olhares; o meu não me causava dor. O prazer da linguagem utilizada, a forma encontrada pelo poeta para dizer o que disse, e continuará dizendo, a todos os que o lerem, deu-me o prazer da leitura e a alegria de descobrir meu caminho ali dentro, entre as entrelinhas, debaixo de cada palavra que não estava ali por livre estar. Tudo era metricamente pensado.

Assim metricamente pensei ao escrever sobre sua poesia. Usei do meu conhecimento de poeta que sou para imaginar caminhos, vielas que se abrissem em grandes praças povoadas de humanidade.

Humanidade, esse é um grande tema na poesia de Ferreira Gullar. Foi meu prazer e minha alegria pesquisá-lo. Ensinou-me não só sobre a poesia, mas sobre a vida em toda a sua extensão.

Obrigado, mestre Ferreira Gullar!

2 comentários :

Voltar ao topo