03/11/2009

novembro 03, 2009
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Nesses tempos de computadores a escrita à mão parece ir desaparecendo. Hoje, quem possui um computador faz uso dele para escrever praticamente tudo, até mesmo os diários pessoais passaram para as telas do computador ― muitos blogs hoje são diários. Meninas, e alguns meninos, mulheres, e alguns homens, usam o blog como seu diário, e isto tudo escrito com as teclas de um computador e não com uma caneta. (Eu ainda uso caneta e lapiseira 0.9 para escrever meus poemas, e alguns outros textos como as resenhas, mas posso ser um dos últimos moicanos).

Aqueles que frequentam escolas e usam cadernos para acompanhar as aulas (muitos já usam computadores em sala) ainda não perderam completamente o hábito da escrita cursiva; por outro lado, aqueles que não mais vão a essas salas, por quanto tempo ainda saberão escrever com uma caneta? Talvez não muito, mas se souberem, é possível que suas letras se tornem ruins por falta de costume da mão sobre o papel.

Porém, e as crianças do futuro, durante quanto tempo de suas vidas serão obrigadas a escrever cursivamente? Se as escolas do futuro abandonarem os cadernos pelos computadores, o que deverá acontecer, pelo menos com a maioria, como saberão usar uma caneta? Hoje estamos deixando até de assinar nossos nomes: os cartões de crédito com ship pedem senhas, os cartões de débito pedem senhas e os planos de saúde pedem nossa digital.

Há algum tempo atrás, em certos lugares, aprendia-se a escrever primeiramente fazendo traços retos e círculos para adaptar a mão ao uso do lápis e adquirir controle de escrita para depois se começar com as letras, como descreveu Umberto Eco, em seu A misteriosa chama da rainha Loana: “Naqueles tempos ensinava-se antes de mais nada a traçar linhas e só se passava para as letras do alfabeto quando se era capaz de encher uma página com linhas bem alinhadas, todas retas”¹. Hoje ainda se começa desenhando as letras, mas até quando para se começar já com as teclas?

Então nos sobram duas grandes perguntas: Isso é bom? E será que com o tempo perderemos nossa capacidade de escrever à mão?

São dúvidas e serem respondidas nesses tempos modernos!



P.S.: Este texto foi escrito à mão.





Imagem: Almada Negreiros, Retrato de Fernando Pessoa, 1954.
¹ECO, Umberto. A misteriosa chama da rainha Loana. Rio de Janeiro: Record, 2005.

5 comentários :

  1. Para mim, a escrita é instantaneamente relacionada à imagem das mãos, da caneta ou do lápis. Tenho que fazer um certo esforço para pensar na grafia como algo digital. Me parece que perde muito da poesia...

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  2. Ariane,

    Concordo plenamente com você.

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  3. Ainda sou do tempo da escrita a mão. Adoro canetas coloridas e lapiseiras! Tenho muito orgulho da minha letra, pois sou do tempo dos cadernos de caligrafia, que minha avó fazia questão de corrigir. Procurei passar para os meus filhos o valor de uma boa letra, mas reconheço que nenhum deles se interessou muito pela arte... rsrsrs
    Beijinhos
    Elida

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  4. Gosto de escrever cartas. Em tempos de e-mails, as cartas ainda fazem parte da minha vida. A Escrita a mão é realmente cheia tem uma simbologia diferenciada. Lágrimas que pingam e se registram no papel, não acontecem na tela de um computador.

    Gostaria de oferecer o selo oficial lá do vórtice(está no início da página)e também um outro que postei para você. Passa lá depois para buscá-los.

    Abraços

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  5. Elida,

    Eu também usei cadernos de caligrafia e gosto da minha letra, mas isso está virando um ato de romantismo. Que seja.

    Beijo, Elida!


    Angélica,
    Que bom conhecer alguém que ainda escreve cartas, eu gostaria que esse hábito não se perdesse. Quanto aos selos, muito obrigado, vou passar lá para pegar.

    Um beijo, meninia bonita!

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